A conquista do desenvolvimento sustentável para esta e futuras gerações é o principal desafio contemporâneo. Nesse sentido, entre os dias 28 e 30 de junho deste ano, foi realizado o 50º Congresso Brasileiro de Geologia (50º CBG) no formato virtual, devido à pandemia de Coronavírus. Desta vez, o tema do evento foi “Geologia e Sociedade: Construindo pontes para um planeta sustentável”. O objetivo do Congresso, promovido a cada dois anos pela Sociedade Brasileira de Geologia, foi compartilhar estudos e resultados alcançados na área geológica recentemente com o propósito de divulga-los à sociedade.

O  50ºCBG contou com a participação de pesquisadores de todo o Brasil, incluindo os colaboradores-pesquisadores do NAP GeoHereditas em apresentações de palestras e folders dinâmicos. Em uma das palestras da professora e pesquisadora, Maria da Glória Motta Garcia, foi abordada a importância da geoconservação para o incentivo de políticas públicas sustentáveis e em áreas protegidas.

Em sua fala, a pesquisadora também destacou a necessidade de proteção da geodiversidade tendo em vista os benefícios que a natureza pode proporcionar à sociedade, por meio dos serviços ecossistêmicos. “A gestão da geodiversidade é essencial para alcançar metas globais de sustentabilidade e é importante caracterizar a mesma de modo adequado, a fim de utilizar esses dados no planejamento de políticas públicas, proteção do meio ambiente e divulgação na sociedade”, destaca ela.

Maria da Glória ainda revelou que, no Brasil, não existe uma legislação específica para a proteção do patrimônio geológico. “Mais de 70% dos geossítios de São Paulo estão em espaços públicos e mais de 70% em reservas da biosfera”, complementou ela. Dentre algumas iniciativas em políticas públicas em geoconservação, de acordo com a apresentação, destacam-se: valorização de guias de turismo, promoção de cursos para condutores ambientais e de formação de professores em geociências e geoconservação, criação de parques temáticos, como parque do Varvito, em Itu, entre outros.

A coordenadora do NAP também abordou os tipos de geodiversidade existentes em áreas protegidas, com destaque à experiência realizada no Parque do Jaraguá em São Paulo, local que “preserva um dos últimos remanescentes de mata atlântica na região metropolitana do estado”. O local também é um dos pontos mais altos do município e guarda um legado de grande importância histórica, já que abrigou as primeiras extrações de ouro realizadas no Brasil.

Em relação ao pacote de produtos como estratégia de divulgação da geodiversidade e do patrimônio geológico local, há o manual geo-interpretativo, o passeio virtual panorâmico 360º, passeio virtual “story maps”, conteúdo interpretativo para painéis e cursos para monitores ambientais.

Já a docente e pesquisadora do GeoHereditas e do Instituto de Geociências, Eliane Aparecida Del Lama, apresentou palestra sobre o uso do lápis-lazúli no patrimônio construído. De acordo com a professora, o lápis –lazúli é composto de vários minerais, como mica, hornblenda etc, mas os principais minerais presentes são; calcita, lazurita e pirita, e aparece o material é bem característico de mármores.

“O uso principal do lápis-lazúli é como material gemológico. Sem dúvida, é a gema comercial mais velha do mundo e geralmente é oriunda do Afeganistão, cuja extração tem mais de 100 mil anos”, conta ela, que ainda compartilhou imagens de diversos monumentos importantes que abrangem o lápis-lazúli em suas composições, como a Catedral de Westminster, em Londres.

Os colaboradores do GeoHereditas também apresentaram alguns pôsteres, como: Avaliação qualitativa da geodiversidade como subsídio para a identificação de serviços ecossistêmicos: exemplo do Parque Estadual da Serra do Mar, Caraguatatuba – SP; Rota Geoturística do Peabiru: Geodiversidade e História da vertente paulista da trilha transcontinental sul-americana, Geodiversidade e Geopatrimônio em caminhos históricos turísticos do litoral paulista, entre outros.