Projetos geocientíficos do Núcleo ganham visibilidade no ProGeo 2019

Por Karolina von Sydow

Durante o ProGeo, representantes do GeoHereditas apresentaram no auditório e em sessões temáticas alguns projetos importantes que contribuem para o debate dos assuntos geoconservação e geodiversidade.

O estudante de graduação em Geociências e Educação Ambiental (USP), José Felipe Batista da Silva,  explanou para o público sua pesquisa, intitulada “YouTube como ferramenta para a Geocomunicação: exemplo do GeoHereditas-USP”.

“Meu objetivo foi transmitir ao público, não especialista da área, conhecimentos gerados pelo GeoHereditas, através desta mídia digital. O desafio é tornar acessível a compreensão de conteúdos geocientíficos que podem ser interpretados em trilhas e unidades de conservação, através da produção de vídeos. Tendo em vista que, a partir do conhecimento, a sociedade valoriza a importância destes locais e a necessidade de sua conservação”, afirma Felipe, que também contou com a colaboração do estudante Alexandre Marques para a elaboração dos materiais.

José Felipe Batista da Silva (USP) apresenta seu trabalho “YouTube como ferramenta para a Geocomunicação: exemplo do GeoHereditas-USP” no ProGeo 2019.

O uso de metodologias participativas, como estratégias potenciais de geoconservação e para o geoturismo local, é o tema investigado pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Mineralogia e Petrologia, Fabíola Menezes dos Santos . A pesquisa está em andamento e baseia-se em um estudo de caso sobre o Geoparque Ciclo do Ouro, localizado na cidade de Guarulhos (SP).

“O meu estudo se propõe a identificar locais de interesse geológico com potencial para o geoturismo, ainda não reconhecidos pela Unesco. Além de buscar conectar a comunidade com o poder público com o intuito de fomentar ações integradas de gestão do geoparque e de responsabilidade social”, conclui. 

A professora e coordenadora do Núcleo GeoHereditas, Maria da Glória, apresentou dois trabalhos de pesquisa. Um deles aborda o uso de geossítios do inventário do patrimônio geológico do estado de São Paulo em atividades de campo em Geociências. Além disso, destaca a importância da conservação destes locais para conhecimento e preservação da memória de eventos geocientíficos ocorridos no Brasil.

Fabíola Menezes dos Santos (USP), no ProGeo 2019.

“São 55 geossítios de alta relevância científica, muito representativos para a história geológica da região, com sérios riscos de degradação. Sua conservação é também essencial para qualidade dos campos de estudo”, destacou Glória.

Profª Drª Maria da Glória Motta Garcia (USP) apresentando pesquisa no ProGeo 2019.

A professora também explicou sobre a importância da abordagem da geoconservação nos cursos de Geologia. De acordo com a pesquisadora, as competências e habilidades dos cursos de bacharelado devem estar alinhadas com temáticas de conservação, considerando a visão abrangente de um planeta dinâmico e ampliando o protagonismo dos geólogos nos processos de decisões globais, aproximando-os mais da sociedade.

“A atuação do geólogo no futuro não pode estar atrelada apenas à exploração de recursos minerais. Neste sentido, o próprio conceito de recurso natural precisa ser discutido, considerando seus múltiplos valores e usos. A abrangência dos currículos e seus conteúdos básicos, específico e temático são peças-chave nesta composição”, revelou aos ouvintes.

O estudante de graduação em Geociências e Educação Ambiental (USP), Alexandre Oliveira Marques, apresentou sua pesquisa sobre a divulgação de trilhas geo-interpretativas, através da utilização de mapas virtuais interativos, os webmaps, em unidades de conservação do Litoral Norte de São Paulo.

Além do Alexandre, o estudante José Felipe também foi responsável pela criação da ferramenta dos webmaps, que podem ser acessados pelo site do Núcleo. “O objetivo é contribuir com a divulgação do conhecimento geocientífico por meio de estratégias de mídia em Geocomunicação. Tudo começou com a sistematização dos dados coletados nas trilhas em UC´s dos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba”, contou.

Alexandre Marques (USP) explica conceito e metodologia da pesquisa para o público.

Os serviços ecossistêmicos de locais de interesse geológico assumem um papel estratégico para formação de geocientistas. O assunto é investigado na Baixada Santista pela doutoranda do Instituto de Geociências da USP, Débora Silva Queiroz, que ressalta ainda a importância de apresentar o valor da sua pesquisa no Congresso.

“A participação no ProGeo foi enriquecedora tanto para a minha pesquisa quanto para mostrar ao público como a geodiversidade está presente não apenas na formação do profissional, mas também no exercício da profissão”, destaca.

Débora Queiroz (USP) apresentando sua pesquisa no ProGeo 2019.

A mesma linha de pensamento é seguida pela mestranda Andrea Cañizares, que divulgou pesquisa sobre a percepção da sociedade em relação à Geodiversidade e a oportunidade de disseminação de conhecimentos geocientíficos por meio de estratégias de Geocomunicação. O intuito é despertar o interesse das pessoas pela geodiversidade e consciência da importância de sua conservação para sustentabilidade.

Andrea Cañizares apresentando pesquisa no ProGeo 2019.

“Os congressos são oportunidades de troca de conhecimentos e experiências com outros pesquisadores, que são muito importantes para a divulgação do nosso trabalho. Além disso, estabelecemos relacionamentos muito ricos. O conteúdo da minha pesquisa, por exemplo, despertou o interesse de outros pesquisadores, que vieram me procurar depois da minha apresentação. Isso reforça ainda mais a minha percepção quanto à carência de estudos sobre Geocomunicação no Brasil”, afirmou Andrea.

A estudante Dayse Pinato (USP)  apresentou propostas de divulgação das Geociências, através de folder de roteiro geoturístico do Litoral Norte e folhetos de cartões postais dos geossítios identificados no inventário do Patrimônio Geológico do Estado de São Paulo.

Laura Balaguer (USP), orientada pelo Professor Dr. Paulo Boggiani (USP), apresentou a trajetória e os objetivos do Curso de Licenciatura de Geociências e Educação Ambiental da USP (Ligea). A estudante de graduação também compartilhou um levantamento de diagnóstico de atuação dos egressos desse curso no mercado profissional.

O estudante Gustavo Rossi apresentou os resultados da implementação de mudanças e atualizações do site GeoHereditas, que abrange informações sobre as áreas de atuação e projetos do Núcleo, além de ações de popularização das Geociências, como os mapas online (Webmap). O foco é tornar a página ainda mais moderna, dinâmica e interativa.  

“O trabalho fez parte de um projeto de iniciação científica e teve como objetivos principais; o aprendizado técnico para edição de páginas online, a atualização da página da internet e de tabelas dos sítios geológicos utilizados no webmap e a familiarização com conceitos em Geoconservação. As atividades também possibilitaram auxiliar na divulgação e estratégias de geocomunicação, além de reforçar a importância destas ferramentas na difusão de Geociências”

Prof. Dr. Paulo Boggiani (USP) apresenta Palestra “Formação dos profissionais das Geociências no País”

No último dia do evento, o professor Paulo Boggiani, que também é secretário do Fórum dos Coordenadores dos Cursos de Geologia do Brasil, apresentou Palestra “Formação dos profissionais das Geociências no País”, que integrou o rol de discussões de mesa redonda sobre ensino, certificação e exercício profissional.

Durante o discurso, Boggiani enfatizou a importância dos trabalhos de campo nos cursos de Geologia e Geociências para apreensão na prática dos conteúdos geocientíficos apresentados em sala de aula. No final, o professor ainda instigou palestrantes e público a refletirem sobre qual é o perfil de profissional ideal e quais são os conhecimentos adequados para a sua formação.

Palestra “Formação dos profissionais das Geociências no País” ministrada por Paulo Boggiani, professor do Instituto de Geociências da USP.