IGc apresenta estudo de impactos à geodiversidade e ao patrimônio geológico da Bacia de Taubaté

Na banca, estiveram presentes: presidente Dra. Maria da Glória Motta Garcia (Orientadora) e titulares; Dra. Celia Regina de Gouveia Souza (Instituto Geológico), Dra. Ligia Maria de Almeida Leite Ribeiro (CPRM) e Dra. Christine Laure Marie Bourotte (GSA/IGc/USP).

No final de fevereiro, a pesquisadora e mestre em Geociências, Fernanda Coyado Reverte, defendeu a Tese de Doutorado “Avaliação dos impactos à geodiversidade e ao patrimônio geológico em áreas intensamente urbanizadas: estudo aplicado à Bacia de Taubaté – SP” pelo Programa de Pós-Graduação em Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da USP.

Com orientação da Prof. ª Dra. Maria da Glória Motta Garcia, coordenadora do NAP GeoHereditas, e coorientação do  Prof. Dr. José Brilha, da Universidade do Minho, de Portugal, a pesquisa teve início em 2015 e traçou um diagnóstico completo da Bacia de Taubaté, uma área altamente urbanizada, localizada no sudeste do estado de São Paulo.

Contexto geológico

A Bacia de Taubaté pertence a um conjunto de bacias do Rifte Continental do Sudeste do Brasil – RCSB, que surgiu na era Cenozóica e possui 900 km de extensão. Quanto à evolução geológica, a Bacia apareceu no fim do processo de movimentação tectônica da Plataforma Sul Americana.

Objetivos da pesquisa

O trabalho mirou na análise qualitativa dos elementos da geodiversidade, considerando os serviços ecossistêmicos prestados por ela, com destaque para a sua função e importância na manutenção dos recursos naturais essenciais à vida e ao desenvolvimento sócio-sustentável local. Para isso, foi realizado o inventário, avaliação e quantificação do patrimônio geológico, identificação dos serviços ecossistêmicos e integração dos dados com foco na vulnerabilidade e fragilidade dos recursos naturais. 

“É importante frisar que a pesquisa explorou um local-chave para entendimento da história geológica pós-Gondwana. Partindo deste pressuposto, foi realizado o inventário e avaliação de potenciais geossítios do patrimônio geológico existentes na região e que precisam ser conservados para fins científicos e educativos. Além disso, a pesquisa destacou a relevância da manutenção da geodiversidade local para o diminuição de desastres, riscos de degradação e oferecimento de bens e serviços em prol da saúde e bem-estar da população”, explica Fernanda.

Materiais e métodos

Em quatro anos de pesquisa, o trabalho foi dividido em etapas. Cada uma, seguiu um roteiro de atividades a serem cumpridas com integração de dados:

  • Inventário e quantificação do patrimônio geológico:

Seleção e direcionamento de potenciais geossítios por categoria geológica;

 Realização de atividades de campo para checagem de vulnerabilidade e fragilidade de geossítios de elevado interesse científico e didático;

Seleção final e quantificação de geossítios, a partir da plataforma GEOSSIT, e avaliação da perda do valor científico.

  • Identificação, avaliação e quantificação da perda dos serviços ecossistêmicos (SEco´s):

Pesquisa bibliográfica;

Avaliação qualitativa e definição das variáveis da geodiversidade;

Identificação dos serviços ecossistêmicos da geodiversidade;

Mapeamento do crescimento urbano; e

Quantificação dos impactos aos SEco’s. 

Resultado

Após estudo, trabalhos de campo e reunião de dados, a pesquisa conseguiu apresentar uma contextualização real acerca da geodiversidade existente na Bacia de Taubaté, identificar ameaças naturais e, principalmente, antrópicas, aos geossítios (intemperismo e expansão urbana foram os principais fatores apontados), com proposição de medidas de proteção. 

Também foi realizada a quantificação dos impactos aos serviços ecossistêmicos (53 registrados) da geodiversidade da bacia frente às categorias de uso e ocupação do solo identificadas na região, como suporte à conservação e manejo dos recursos naturais da região, comprovando sua importância no desenvolvimento sustentável e socioeconômico local. 

Foram construídos dois mapas, anos 1986 e 2016, respectivamente, para comparar a evolução do uso e ocupação do solo nesse período. “O uso de mapas representa uma forma eficaz de avaliar impactos ambientais, além de ser uma ferramenta de auxílio no planejamento territorial e na escolha de áreas prioritárias para conservação”, complementa a recém-doutora. 

A autora destaca ainda a necessidade de investimento em políticas públicas para geoconservação, incluindo métodos de gestão do patrimônio geológico, e ensino e divulgação das geociências para valorização da geodiversidade e manutenção dos recursos da natureza, promovendo o equilíbrio do meio ambiente aliado ao desenvolvimento sustentável.