Identificação e valorização de sítios geológicos como bases para proteção do patrimônio natural

Por Karolina von Sydow

O Brasil é um país rico em geodiversidade. Reconhecer e valorizar diferentes elementos que compõem belas paisagens e formações geológicas, como rochas, fósseis e minerais, é responsabilidade de toda sociedade em prol da conservação e proteção do patrimônio natural.

É preciso avançar muito ainda em pesquisas e ações de educação e difusão de conhecimento científico para identificação de locais-chave para a história geológica do planeta, além do incentivo à tomada de uma consciência ambiental, visando o desenvolvimento sustentável, a partir do uso responsável de recursos naturais, em geral não renováveis.

Seguindo esta temática, no final de março, o salão nobre do Instituto de Geociências da Universidade do Estado de São Paulo (USP) sediou defesa de dissertação de Mestrado intitulada: “Inventário e avaliação de locais de interesse geológico em Iguape e Ilha Comprida (SP): bases para o uso turístico e educativo em áreas protegidas costeiras”.

Com orientação da Professora Maria da Glória Motta Garcia, que realiza projetos voltados à área de Geoconservação no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas) da USP, a pesquisadora de mestrado Stephani Somekawa apresentou proposta de gestão, conservação e uso sustentável de sítios geológicos representativos do Litoral Sul do Estado.

Para inventariar locais de interesse geológico e seu potencial de uso educativo e geoturístico, a estudante seguiu diretrizes utilizadas em vários países e que têm gerado bons frutos na proteção legal e no uso sustentável do patrimônio geológico. Somekawa destacou que sua missão foi realizar estudo, avaliação, seleção e caracterização de áreas “como base para a valorização destas regiões costeiras envoltas à Mata Atlântica, ricas em biodiversidade e geodiversidade, no contexto de Unidades de Conservação”.

Durante apresentação, a pesquisadora ressaltou que ameaças naturais e antrópicas, como mudanças climáticas e crescimento do mercado imobiliário, colocam em risco a integridade dos ecossistemas dos locais estudados. Por isso, destacou a necessidade de ações e políticas públicas urgentes de proteção e conservação destas áreas.

No final da defesa, os professores Antônio Liccardo (UEPG) e Paulo Boggiani (USP), especialistas no assunto e que integraram a banca, compartilharam suas impressões sobre a pesquisa realizada. A Prof ª Maria da Glória elogiou o sucesso da metodologia qualitativa aplicada para o inventário dos locais selecionados. “Foram priorizadas a integridade e representatividade dos sítios, antes de categorizá-los”, ressaltou ela.