Roteiro geoturístico conecta aspectos históricos e riqueza da geodiversidade do centro de Santos

Por Karolina von Sydow

Um dos locais mais ricos em patrimônios históricos do país, o centro de Santos, cidade do litoral do estado de São Paulo, abrange  construções e monumentos que caracterizam importantes períodos ocorridos no Brasil, como o início da colonização e o Ciclo do Café. Você sabia que estas edificações não existiriam, caso não houvesse materiais pétreos específicos para a sua formação?

Com o objetivo de propor a valorização e divulgação da geodiversidade local, a   pesquisadora e integrante do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas), Débora Queiroz, trabalhou este tema no Mestrado no Instituto de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP) , concluído em 2018, sob a orientação das docentes Maria da Glória Motta Garcia e Eliane Del Lama.

Geoturismo urbano incentiva a geoconservação e o desenvolvimento local

Para transmitir informações geocientíficas, envolvendo conceitos como, a origem e as características das rochas utilizadas nas construções históricas do centro de Santos, a atual estudante de doutorado do IGc realizou pesquisa sobre geoturismo urbano. Qual a importância desta prática? De acordo com Débora, o geoturismo é uma ferramenta fundamental para difusão do conhecimento da geodiversidade local, através de materiais interpretativos e ilustrativos, uma vez que a maior parte da população desconhece o assunto.

“A minha intenção foi elaborar um roteiro, que englobasse não apenas a concepção histórica e cultural de edificações do centro de Santos, mas também destacar conceitos geocientíficos importantes, de forma leve e objetiva, para compreensão e identificação das rochas utilizadas nas edificações e ornamentações selecionadas, buscando despertar o sentimento de pertencimento local e interesse pelas geociências”, destaca ela.  

Metodologia utilizada

O roteiro geoturístico utilizou como base o conceito de elementos da geodiversidade apresentado pelo geólogo português José Brilha. A pesquisa considerou edifícios históricos que foram tombados pelo poder público e possuem em suas estruturas materiais pétreos representativos, que se estão fora de seus locais de origem (ex situ).

No total, após estudo e trabalhos de campo, foram selecionados oito pontos específicos para compor o roteiro, que pode ser realizado a pé: Outeiro de Santa Catarina, Casa do Trem Bélico, Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, Bolsa Oficial do Café, Casa da Frontaria Azulejada, Conjunto Arquitetônico de Santo Antônio de Valongo, Mosteiro e Igreja de São Bento, Casa de Câmara e Cadeia.

A: Outeiro de Santa Catarina; B: Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Foto: Lauro Dehira. C: Bolsa Oficial do Café. Foto: Lauro Dehira. D: Casa de Câmara e Cadeia.

Para ler a pesquisa na íntegra, acesse o site: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8654686.