Projeto do NAP busca valorização de serviços ecossistêmicos do Núcleo Caraguatatuba

Por Karolina von Sydow

“A geodiversidade é um tema não muito estudado em áreas de conservação, por isso estamos felizes com a aprovação deste projeto da Fapesp, validado em 2019, que não foca apenas na manutenção da biodiversidade”, com estas palavras a Professora Doutora e coordenadora do GeoHereditas, Maria da Glória Motta Garcia, iniciou sua participação na IV Reunião Plenária do Conselho Consultivo do Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual Serra do Mar, na tarde desta terça-feira, 21/07.

Intitulado “Serviços Ecossistêmicos prestados pela geodiversidade e construção dos processos socioeducativos em áreas protegidas: Elaboração de proposta metodológica no núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual Serra do Mar”, o projeto, que conta também com o apoio da Fundação Florestal/SIMA, tem o objetivo de desenvolver um trabalho em prol da conservação e uso sustentável da geodiversidade do município litorâneo, que vem sendo foco da especulação imobiliária e ações ilegais da indústria do turismo, comprometendo a manutenção de ecossistemas e dos SE, além da qualidade de vida de comunidades adjacentes.

“O meio natural é composto de biodiversidade e geodiversidade, que permite todo o suporte necessário para a existência de vida na Terra. Os elementos da geodiversidade fornecem uma série de bens e serviços ecossistêmicos que merecem ser estudados, se quisermos uma gestão ampla da natureza. Para termos estes recursos, é necessária a realização de estratégias para o uso sustentável da geodiversidade e do patrimônio geológico”, explica a pesquisadora.

Alguns conceitos práticos

Durante a palestra, Maria da Glória também frisou os conceitos principais que permeiam a pesquisa em questão: geoconservação, relacionada às práticas de geoturismo, educação ambiental e popularização da ciência; patrimônio geológico, que trata de uma parte específica da geodiversidade, recebendo uma dada valoração.

Além disso, destacou o tema “serviços ecossistêmicos”, que começou a ser pesquisado e debatido pelo geógrafo inglês Murray Gray, em 2013, e seu estudo é dividido em cinco funções: suporte, regulação, provisão, culturais e conhecimento.

Neste contexto, também foram abordadas as ações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) focadas em geoparques globais e em áreas protegidas de relevância geológica internacional e com potencial geoturístico, visando o desenvolvimento sustentável destes locais.

Metodologia aplicada

A proposta metodológica da pesquisa é trabalhada a partir da sensibilização da população quanto à importância das unidades de conservação na manutenção de bens e serviços providos pelos ecossistemas. 

A linha de estudo ainda é dividida em três etapas: a primeira é o diagnóstico, quando ocorre a caracterização do meio abiótico da área, avaliação de percepção da comunidade e identificação qualitativa dos serviços ecossistêmicos associados à geodiversidade.

Na segunda etapa são aplicadas práticas mediadoras de aprendizagem social para a geoconservação e sustentabilidade, incentivo à compreensão e à resolução de problemas socioambientais atuais por meio da promoção e divulgação de conhecimento geocientífico para a sociedade. 

E para finalizar o ciclo, é estruturado um cronograma de previsão de ações, como “um método para ser aplicado em qualquer UC, considerando a particularidade de cada local”; capacitação pedagógica de profissionais e de diversos atores sociais, aplicação de estratégias de produção de materiais de difusão de Geociências e realização de projetos socioeducativos voltados à geoconservação.

Além da coordenação da professora Maria da Glória Garcia, o projeto abrange, em sua equipe responsável, outros profissionais pesquisadores do Instituto de Geociências da USP; o gestor do NUCAR, Miguel Nema Neto; o geólogo escocês e presidente da UNESCO em Geociência e Sociedade, Iain Stewart, estudantes de pós-graduação e bolsistas de Iniciação Científica do IGc-USP.