Afrescos de Fulvio Pennacchi

Uma pintura afresco é feita em argamassa úmida com pigmentos moídos apenas em água. A técnica do afresco baseia-se na propriedade da cal e o processo de carbonatação, juntamente com a areia, a água e os pigmentos para formar uma estrutura estável e impermeável, que são as características marcantes do buon fresco. A pintura fixa-se ao suporte por coesão, integrando-se à argamassa após secagem.

Em geral, os afrescos são muito estudados do ponto de vista arquitetônico e artístico, mas a caracterização material que constitui os afrescos e o seu suporte é, regra geral, descurada nesses estudos.

O pintor Fulvio Pennacchi teve uma grande importância para a história da arte em São Paulo. Nasceu na Toscana, Itália, em 1905, e morreu em São Paulo, em 1992. Na segunda metade da década de 30, o artista teve papel de destaque no Grupo Santa Helena.

A técnica de pintura em afresco não fez parte de sua formação, mas desenvolveu-a de maneira própria após algumas experiências, inaugurando em São Paulo a pintura mural nessa técnica.

Trabalhos já executados por pesquisadores do Geohereditas apontam que a técnica de pintura afresco de Pennacchi consistia na utilização de uma única argamassa, sendo esta uma argamassa geral com aglomerante e agregados finos e médios. O efeito de diferentes texturas nos afrescos é decorrente da adição de gesso à argamassa de cal e areia, sendo que este processo pode encobrir completamente a texturização da argamassa subjacente ou formar uma camada de textura fina.

Os afrescos de Pennacchi analisados foram aqueles existentes na capela do Hospital das Clínicas (Anunciação de Nossa Senhora e Ceia de Emaús) e o afresco Alegoria ao Desenvolvimento Industrial Paulista, este destruído em um incêndio em 2009.

Corte estratigráfico em fragmento do afresco Anunciação de Nossa Senhora em imagem de microscópio eletrônico de varredura.
Afresco Alegoria ao Desenvolvimento Industrial Paulista após incêndio em 2009.

Confira algumas referências de pesquisa:

Magon P.M., Del Lama E.A. 2019. Material characterization, stratigraphy, textures, and painting techniques of the mural painting: The Allegory of the Industrial Development of São Paulo by Fulvio Pennacchi. Studies in Conservation, 64(7):387-396. (DOI 10.1080/00393630.2018.1564502).

Magon P.M., Del Lama E.A. 2016. Caracterização da argamassa e camadas pictóricas da pintura mural ‘Alegoria ao Desenvolvimento Industrial Paulista’ de Fulvio Pennacchi. Geonomos, 24:(2):227-230.

Del Lama E.A., Tirello R.A., Andrade F.R.D., Kihara Y. 2009. Study of mural paintings by Fulvio Pennacchi in São Paulo City by mineralogical techniques. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 81(1):115-126.

Confira o vídeo Tour: pinturas murais de Fulvio Pennacchi