Dentre as ações de popularização das Geociências, o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas) oferece curso para monitores ambientais em unidades de conservação do estado de São Paulo.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), órgão criado, em 2010, para fiscalizar a administração de UCs estabelecidas no Brasil, as unidades de conservação são descritas como espaços territoriais com características naturais significativas, instituídas legalmente pelo Poder Público com o intuito de promover a conservação de recursos ambientais, incentivando ações estratégicas, como planos de manejo, segundo normais específicas de proteção.
A partir de pesquisas e trabalhos de campo realizados pela equipe do GeoHereditas, desde 2011, que envolvem a realização de inventário e interpretação da geodiversidade nas principais trilhas no litoral paulista, foi possível reunir dados no âmbito da geodiversidade e suas relações com a formação das paisagens e interação com as pessoas para idealização e prática do curso “Introdução às Geociências”.
Os cursos contaram com uma carga horária total de 16 horas e são dirigidos para guias de ecoturismo e monitores ambientais que trabalham no Parque Estadual da Serra do Mar – PESM (Núcleos São Sebastião, Caraguatatuba e Picinguaba) e no Parque Estadual de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Mais recentemente, em setembro de 2019, o Núcleo Padre Dória, do PESM, também foi foco de outra versão do curso.
Os cursos para condutores ambientais são divididos em módulos teóricos e práticos, que incluem aulas de campo para as principais trilhas das unidades de conservação. Entre os assuntos abordados, fazem parte do programa: tempo geológico, ciclo das rochas, estrutura interna da Terra, tectônica de placas e dados da história geológica de cada região, com exemplos a partir dos geossítios inventariados.
“A iniciativa foi motivada, principalmente, pela necessidade atual de uma tomada de medidas urgentes a favor da conservação e proteção da natureza e, em particular, do patrimônio geológico, com valores científicos, turísticos e educativos, a partir da gestão territorial integrada. E para isso acontecer, é indispensável a difusão de conceitos que permitam a compreensão da formação das paisagens e processos geológicos atuantes nas unidades de conservação”.
“Essa iniciativa é parte de um projeto mais amplo de trabalhar diretamente com as unidades de conservação, que guardam ecossistemas ainda preservados. Por isso, decidimos exercer esse papel de porta-vozes do ensino de aspectos fundamentais das Geociências”, destaca professora da USP e coordenadora do NAP, Maria da Glória Motta Garcia.
Além do conteúdo transmitido aos monitores, um importante papel destes cursos é a inserção de estudantes de Graduação e de Pós-graduação que, por meio da participação nas aulas e atividades, adquirem experiência com educação associada à geoconservação. Muitos destes alunos participam ainda da iniciativa na Graduação e depois seguem seus estudos até o Doutorado, com pesquisas diversas.
Na conclusão do curso, os participantes preencheram questionários de avaliação individual e de conhecimento dos temas estudados. “A capacitação e qualificação dos monitores é essencial, pois eles são multiplicadores de conhecimento. Ao difundirem conceitos geocientíficos referentes a estes locais, eles conseguem popularizar as geociências na sociedade”, conclui Maria da Glória.
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