Por Karolina von Sydow
17 de Julho de 2019
Há poucas iniciativas de difusão da história da cidade de São Paulo associada a informações sobre a geologia local, ou seja, referentes aos materiais pétreos utilizados na constituição de monumentos e edificações que marcaram a origem e trajetória de expansão da região. No último sábado, 13 de julho, o GeoHereditas iniciou o Programa Geociências em Foco com a atividade de geoturismo urbano no centro velho de São Paulo.
O objetivo da prática foi justamente demonstrar como a geologia está presente no dia a dia das pessoas, a partir da divulgação de uma diversidade de rochas ornamentais (nacionais e importadas) que compõem as principais obras arquitetônicas, consideradas patrimônio material, presentes no centro histórico de São Paulo. O geotour contou com a participação de um público grande e diversificado, de cerca de 150 pessoas, como estudantes, professores e pesquisadores das áreas de Geologia e Ciências da Terra.
A pesquisadora e docente do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc -USP), Eliane Aparecida Del Lama, explica a importância da criação de um roteiro geoturístico para divulgação da geologia local e das geociências em geral. “A cidade conta com diferentes roteiros turísticos com enfoque cultural, histórico e arquitetônico, mas que não destacam a geodiversidade local. Com isso, a missão do GeoHereditas é popularizar esse conhecimento geocientífico, transmitindo-o de maneira clara e objetiva, a fim de despertar o interesse do público pela geologia e um sentimento de proteção do patrimônio geológico construído, que representa a nossa memória histórica e precisa de ações de conservação permanentes”, destaca.
A atividade teve duração de cerca de três horas e partiu do Pateo do Collegio, onde foi fundada a cidade de São Paulo, em 1554, a partir de uma missa realizada por padres jesuítas. Atualmente, o local é uma réplica, construída em 1954. Localiza-se no interflúvio das bacias dos rios Tietê e Tamanduateí, por isso é considerada a área com topografia mais alta da região. Os participantes também tiveram a oportunidade de conhecer as rochas de revestimento do Banco do Brasil, Edifício Martinelli, Theatro Municipal, entre outros locais presentes no roteiro, que contou com um total de 24 pontos.
Durante o trajeto, os participantes puderam ter acesso à informações específicas de cada ponto do roteiro, através de um mapa produzido pelo Núcleo em plataforma exclusiva do Google Maps. Para obter os dados, bastava o usuário utilizar um aplicativo de leitura de QR Code. Faça um teste, acesse o link: https://bit.ly/2GfPwsn.
De acordo com a professora, São Paulo foi, basicamente, construída com cinco tipos de rochas graníticas principais: Itaquera, Mauá, Itupeva, Piracaia/Bragança e Ubatuba.
O interesse do público pelas tipologias pétreas e geomorfologia que compõem os pontos percorridos na região foi unânime. Os grupos fizeram perguntas específicas sobre os monumentos abordados e realizaram muitos registros fotográficos. “O passeio guiado coordenado pela equipe do GeoHereditas foi muito significativo, agradável e de muitos aprendizados. Enxergar os monumentos sob uma perspectiva geológica foi muito gratificante. Realmente, foi uma atividade muito enriquecedora. Adorei participar desta experiência, parabéns pela iniciativa!”, ressaltou o estudante do Curso de Graduação de Geociências e Educação Ambiental da USP, Arthur Seckler Neto.
Geociências em Foco
O Geociências em Foco foi idealizado pelo GeoHereditas, coordenado pela professora do Instituto de Geociências (IGc/USP), Maria da Glória Motta Garcia, com a missão de aproximar a sociedade de questões geológicas importantes, incentivando reflexões e debates; além de popularizar as geociências e buscar a promoção de práticas de geoconservação, educação ambiental e valorização do patrimônio geológico natural e construído.
Confira todos os pontos visitados do roteiro de geoturismo urbano no centro de São Paulo
Monumento Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo;
Dois edifícios em estilo neoclássico (estilo arquitetônico que dominou São Paulo no final do século XIX e começo do XX) elaborados pelo arquiteto Ramos de Azevedo: Secretaria da Agricultura e Secretaria da Justiça do Governo do Estado de São Paulo.
Viaduto Santa Ifigênia
Viaduto do Chá
Áreas de atuação
Produção acadêmica
Divulgação científica