Reunião estratégica apresenta trabalho do NAP e debate parcerias em projetos de geoconservação

Por Karolina von Sydow

Na manhã desta quinta-feira, 11/02, o NAP GeoHereditas realizou uma reunião com a comunidade, pesquisadores e gestores ligados ao município de Caraguatatuba  para apresentar as iniciativas do grupo voltadas à geoconservação, popularização das geociências e educação ambiental em unidades de conservação (UCs) do litoral norte do estado de São Paulo.

Entre os presentes, além da equipe do NAP, participaram representantes do setor  de comunicação da Concessionária Tamoios e representantes da Secretaria de Educação e do Instituto Federal de Caraguá, entre outros.

Na abertura do encontro, a geóloga e coordenadora do GeoHereditas, Maria da Glória Garcia, fez a apresentação do projeto de pesquisa vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em parceria com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) e Fundação Florestal (FF). O projeto tem como objetivo desenvolver proposta metodológica para o Núcleo Caraguatatuba voltada à conservação e ao uso sustentável da geodiversidade no local. 

“O objetivo é sensibilizar a população sobre a necessidade de proteção das unidades de conservação para a manutenção de bens e serviços advindos dos serviços dos ecossistemas. E a motivação do nosso núcleo para atuar nesta região resulta da realidade de intensa especulação imobiliária e atividades turísticas que não respeitam a legislação ambiental e ameaçam a integridade dos ecossistemas e dos SEs”, destaca a pesquisadora. 

O projeto, que ainda conta com a parceria da Universidade de Plymouth, da Inglaterra, também incentiva práticas socioeducativas, aplicação de metodologias participativas e de conscientização da população para a valorização da geodiversidade e, consequentemente, manutenção da biodiversidade, que dá suporte à vida na Terra. 

Em seguida, a professora Maria da Glória apresentou as demais iniciativas do NAP. Dentre estas, destacam-se o mapa geoturístico do litoral paulista, que inclui geossítios do patrimônio geológico do estado; painéis interpretativos; ações de geoturismo natural e urbano, incluindo a interpretação da geodiversidade em trilhas e o projeto Rota Geoturística Tamoios, que tem a participação da pesquisadora Fernanda Reverte e tem o intuito de elaborar roteiros de áreas com importância geológica no entorno de rodovia.

“A ideia é reunir dados geológicos e contar a história das rochas existentes no local, com enfoque em temas referentes às geociências e ao meio ambiente, e divulgando também para comunidades adjacentes informações  sobre cultura, lazer e gastronomia da região”, revela ela. 

O GeoHereditas também promove cursos de difusão das geociências e de educação ambiental para educadores e monitores de parques e UCs. Em relação à esta ação, a pesquisadora e professora do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), Denise de La Corte Bacci, anunciou um projeto recém aprovado em parceria com a Secretaria de Educação de Caraguá, que está sendo desenvolvido em conjunto com a professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra do Instituto de Geociências da Unicamp, Vânia Nunes dos Santos. 

O projeto visa o incentivo à inclusão do ensino temático de geociências na educação formal, a partir da promoção de curso de formação continuada de professores da rede estadual. “A ideia é que os educadores se apropriem desse conhecimento adquirido e o apliquem em sala de aula”, explica Denise.

“Qualquer projeto de geoconservação exige, como pré-requisito essencial, o conhecimento do patrimônio que precisa ser protegido. Logo, não se faz geoconservação sem a cooperação da sociedade e é por meio das escolas que é possível fazer um trabalho de preservação e divulgação desse patrimônio”, conclui a socióloga e professora Vânia dos Santos. 

Neste âmbito, a professora Denise Bacci ressalta a importância da construção de uma rede colaborativa e participativa entre diferentes atores sociais; comunidade, instituições acadêmicas e privadas e representantes governamentais para práticas de geoconservação e manutenção do patrimônio histórico, geológico e cultural.

Para reconhecimento e valorização da geodiversidade, o projeto prevê também estudos de percepção e apreciação do ambiente físico habitado. Estes estudos estão sendo coordenados pela professora do Instituto de Geociências, Christine Laure Marie Bourotte trata da percepção das geociências e da geodiversidade pelos habitantes e visitantes do município de Caraguatatuba, fomentando um sentimento de pertencimento local. Um questionário de pesquisa de opinião e percepção local está sendo aplicado  (https://cutt.ly/BkDFz3T). O objetivo é utilizar, como base, as respostas do documento para a elaboração de estratégias de divulgação e ensino dos temas destacados. 

Dando prosseguimento à reunião, a mestranda Laura Pereira Balaguer, do  Programa de Mineralogia e Petrologia do IGc, apresentou o trabalho de confecção de mapa de diagnóstico  da geodiversidade do PESM de Caraguatatuba. O mapa geoambiental engloba conceitos e processos referentes a rochas, formas de relevo e recursos hídricos da região, incluindo respectivas potencialidades. Entre os temas apontados, abordam-se o uso e ocupação do solo; áreas de matas nativas e de praia; principais ameaças referentes aos serviços ecossistêmicos, principalmente de âmbito antrópico. 

A próxima reunião de planejamento e discussão de parcerias estratégicas em ações de geoconservação, difusão de geociências e educação ambiental está prevista para acontecer no segundo semestre deste ano.

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