Quais são os seres vivos que compõem as areias das praias?

Atividade para conhecer um pouco sobre os organismos marinhos presentes nas areias das praias.

por Christine Laure Marie Bourotte

Assunto

Composição das areias de praias

Idade recomendada

Qualquer idade

Tempo de montagem

30 minutos

Dificuldade

Moderado

Custo

Gratuito

Muita gente nem imagina, mas nas praias arenosas vivem escondidas várias espécies de organismos marinhos. Eles podem viver na superficie ou enterrados no sedimento, isto é, entre os espaços intersticiais dos grãos. Quando morrem, suas partes duras tornam-se partículas sedimentares, que podem ser transportadas ou não de seu local de origem, tornando-se, portanto, importantes constituintes das areias.

Reconhecer os constituintes biogênicos da areia, discriminando se são fragmentos ou organismos inteiros, se são vegetais, protozoários ou animais. Inferir a energia de fundo da praia (alta, moderada ou fraca), a partir do grau de fragmentação dos organismos.

  • areia seca (secar a areina na estufa ou no forno a temperatura baixa)
  • lupa e/ou microscópio
  • pincel fino ou palito de dente
  • bandeja de fundo escuro
  • fotografias

1.  Despejar uma pequena porção de areia em uma bandeja, triando e separando os organismos biogênicos dos demais constituintes minerais.

2. Classificá-los a que grupo taxonômico pertencem. Utilizar as imagens junto com a atividade.

3. Dentre os organismos triados, identificar se são fragmentos ou organismos inteiros.

Realizar o experimento com diferentes tipos de areias de praia e correlacioná-las com a energia de fundo da mesma. Por exemplo, praias com ondas muito fortes apresentam areias grossas e muitos fragmentos de conchas. Estes fragmentos já foram conchas inteiras de alguma região marinha ou mesmo estuarina mais profunda, que depois de mortas, foram transportadas para a praia. Durante este processo sofreram abrasão e fragmentação. Já em praias muito calmas, é possível observar as duas conchas de bivalves unidas, gastrópodes inteiros, foraminíferos sem marcas de abrasão.

Foraminíferos – protozoários marinhos, estuarinos que constroem tecas calcárias, orgânicas ou aglutinadas com partículas sedimentares do meio (i.e., grãos de quartzo, mica, espiculas de esponja). Seu tamanho varia de 0,02 a 110 mm. Podem viver dentro do sedimento (infauna) ou fora (epifauna), aderidos aos grãos ou ser de vida livre.

Corais – são animais cnidários da classe Anthozoa, que segregam exoesqueleto calcário ou de matéria orgânica. Os individuos adultos são pólipos individuais ou coloniais e encontram-se em todos os occanos. Os corais podem formar extensos recifes, restritos, contudo, a regiões marinhas tropicais, com águas limpidas e sem aporte de água doce

Bivalves – são moluscos constituídos por duas valvas calcárias que protegem as partes moles. As valvas articulam-se numa charneira que possui, geralmente, dentes, que se fecham devido à ação de dois músculos. São geralmente centimétricos. São animais majoritariamente marinhos. bentônicos, infaunais ou epifaunais, alimentando-se por filtragem (filtram a água que passa através do sifão).

Gastrópodes – são moluscos protegidos por uma concha calcária, com formato helicoidal sobre o lado direito. Há também formas, como as lapas, que são constituida por apenas uma concha mais simples. Apresentam uma enorme variedade de cores e podem ser milimétricos a centimétricos. Podem ser da infauna da epifauna, marinhos, estuarinos, de água doce ou terrestres. É o grupo mais diversificado dos Molusca.

Briozoários – são invertebrados sésseis coloniais, em sua grande maioria marinhos. As colônias apresentam formas muito variadas, desde estruturas delicadas e filamentosas até estruturas muito calcificadas e massivas. Os briozoários necessitam de um substrato de fixação que pode variar desde grãos de quartzo, fragmentos de rocha, conchas ou carapaças de outros organismos. Podem ser milimétricos a centimétricos.

Ouriços do mar – organismos pertencentes ao filo Echinodermata, que possuem corpo globoso ou em forma de disco, dotados de endoesqueleto rigido, espinhos móveis. Algumas espécies apresentam aparelho mastigador interno (lanterna de Aristóteles), que auxilia na alimentação. Seus espinhos e espiculas são muito comuns nas areias das praias.

Os possiveis grupos taxonomicos que você pode encontrar nas areias das praias podem ser:

Fragmentos vegetais – sementes, pedaços de folhas, caules;

Algas – algas calcárias, diatomáceas;

Protozoários – foraminiferos;

Cnidários – fragmentos de corais;

Moluscos gastrópodes ou bivalves, inteiros ou fragmentos;

Poliquetas – tubos;

Crustáceos – quelas ou outros apêndices quitinosos;

Insetos – casa (casulo), mudas ou fragmentos do corpo;

Briozoários

Equinodermas – espiculas ou outros fragmentos do corpo de ouriços, estrelas, bolachas da praia.

Atenção: Existem também seres vivos que habitam a areia no fundo do rio e de lago, mas os constituintes das areias de regiões marinhas e estuarinas são dilerentes dos de areias de rios e lagos. Nestes ambientes, a quantidade de larvas, insetos e fragmentos de vegetais vasculares é muito maior.

Créditos

Christine Bourotte

Christine é professora do Instituto de Geociências da USP. Ela atua nas áreas de ensino e divulgação das Geociências e Geodiversidade, e em Geoquímica Ambiental. Ela é graduada em Ciências da Terra pela Universidade de Aix-Marseille III (Droit, Economie et Sciences) (1995) na França, possui Mestrado em Geociências-Université d’Aix-Marseille III (Droit, Economie et Sciences) (1996) – França e Doutorado em Geociências (Geoquímica e Geotectônica) pela Universidade de São Paulo e Université de Toulon et du Var – França (co-tutela) (2002).

Colaboração

Maria Cristina Motta de Toledo
Wânia Duleba
Larissa Gracielle Dellisa Campos
Gabriela Tieme Aramaqui
Patricia Junia Viana
Carolina Harumi Takayama
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